sábado, 27 de março de 2010

Obsessão Fatal

Imitar uma celebridade ou algum personagem famoso é muito comum. Por exemplo, fãs de Elvis Presley se reúnem anualmente em Las Vegas para um concurso, ou vemos imitadores da Madonna em programas de auditório volta e meia. Tem imitador que faz dessa prática seu ganha-pão. O problema é quando essa adoração se torna perigosa, ao ponto de fazer uma pessoa exceder os limites.

Pois este é o tema do surpreendente Tony Manero, uma produção chilena comandada pelo diretor Pablo Larrain, e que traz uma interpretação antológica de Alfredo Castro, também autor do roteiro do filme junto com Larrain.

A trama se passa em 1978, em plena ditadura chilena do Gen. Augusto Pinochet. O ano também marca o lançamento do filme Os Embalos de Sábado à Noite, no qual o ator John Travolta imortalizou um ícone do cinema que marcou toda uma gereção, referência esta para o nome e a trama do filme.

O Tony Manero chileno chama-se Raúl Peralta, homem de meia-idade, tendo como curiosidade o fato de manter como profissão o entretenimento, ou, "isto aqui", como ele mesmo define quando está em um programa de televisão diante do apresentador. Mas ao mesmo tempo que nutre essa fascinação pelo personagem de Travolta, Raúl é um sociopata,tornando-se um assassino em série com o passar da trama.

Seu principal objetivo é ser Tony Manero, e vencer o concurso do principal programa de auditório do Chile. Ao mesmo tempo, prepara-se para fazer uma apresentação caseira de um número musical do filme, a fim de levantar fundos para o seu sustento e das pessoas com que mora e que fazem parte do elenco da peça de bairro. E ainda driblar a força dos militares que suspeitam de qualquer movimento nas ruas.

O filme é forte. Mescla cenas de violência com situções que podem até parecer engraçadas. Não estranhe se, por um momento, depois de tudo que Raúl faz ao longo da trama, você se pegar torcendo por ele. A intensidade de Raúl pelo ícone Manero é algo cativante. Acabamos, por uns instantes, não nos importando com que ele seja um psicopata.

Além das belas interpretações, o filme prova que é possível fazer uma produção de extrema competência com um baixo orçamento. Tony Manero é tenso, frio, mas ver até que ponto vai a obsessão de uma pessoa ou por uma ideologia ou por um personagem, pode ser, ao mesmo tempo, assustador quanto fantástico.

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